Sillas Filgueira estreia na Casa de Criadores com a coleção “Tramas de Isabel”
Sobretudo, Estilista e mulher trans, Silla Filgueira participa do evento no dia 08 de julho e contará, através das roupas, as suas vivências com a mãe
Além disso, pela primeira vez, a marca baiana Sillas Filgueira chega às passarelas da Casa de Criadores, no próximo dia 08 de julho, em São Paulo, apresentando o desfile “Tramas de Isabel”. Com styling de Mauricio Mariano, a coleção é composta por 20 peças, apresentando uma mistura de crochê, bordado, roupas desfiadas, peças entrelaçadas e tranças.
Resgate de Memórias
Ainda mais, idealizadora da marca, a estilista Silla Filgueira destaca que a coleção traz um resgate das memórias afetivas das vivências ao lado da mãe, Dona Isabel, que faleceu recentemente. Como uma homenagem, o trabalho manual que compõe as peças também é herança da relação com essa costureira que realizava com maestria cortes, costuras e bordados.
Principalmente, as peças que compõem as “Tramas de Isabel” são atemporais. Silla reforça que esse é um diferencial das suas criações e afirma “eu não faço roupas para um momento e sim para toda a vida”. A estilista detalha que além de se inspirar nas produções manuais e artesanais que a mãe fazia, o desfile apresenta uma releitura dos crochês e rendas com itens da alta costura.
“Minha principal inspiração é a minha mãe. Dona Isabel me deu as referências para essa coleção e eu adequei ao estilo Sillas Filgueira. Para essa coleção eu trago roupas com bom corte, em alfaiataria, os desfiados ganham pedrarias em tachinhas no tom de níquel, as rendas pretas foram bordadas em alto relevo, os crochês são compostos por pedrarias, lantejoulas, miçangas, plumas de chinchila, tweed e viscose com poliamida, com um leve e sútil brilho metálico na trama”, detalha a estilista sobre as peças que integram o desfile.
Coleção para Casa de Criadores
Silla aponta que toda a coleção desenvolvida para a Casa de Criadores tem como inspiração os tapetes que Dona Isabel fazia com retalhos e reaproveitamento de tecidos. Além disso, o crochê e o trançado – técnicas que se destacam na produção da estilista, apresentam a cultura baiana e as bordadeiras sob a ótica da moda, ressaltando as cores e formas que fazem parte da Bahia.
Todavia, ainda como parte das memórias afetivas que guardou do período em que morou no Agreste baiano e da infância vivida em Salvador, Silla escolheu um remix de canções de Roberto Carlos para embalar o desfile. Essa era a trilha sonora que tocava na rotina da Dona Isabel nos trabalhos que realizava em casas de famílias, como sempre a acompanhava, a música se tornou mais um laço entre mãe e filha.
Na moda nada se cria, tudo é reinventado
“As minhas expectativas são as melhores, eu estou muito ansiosa, é uma estreia e uma das mais importantes até aqui. Sinto esse momento como a realização de um grande sonho e, para mim, trabalhar com moda é diversão. Eu costumo dizer que na moda nada se cria, tudo é reinventado, e para mim essa é a principal inspiração para as criações que faço, eu me reinvento em cada peça, transforma a minha história, as minhas dores e alegrias em arte. Afinal de contas, moda é isso, não é mesmo?”, comenta a estilista Silla Filgueira sobre a estreia na Casa de Criadores.
Primordialmente, destaque nas revistas Marie Claire e Elle. A trajetória de Silla impulsiona quem conhece sua história, inspirações e conquistas. Com 17 anos de atuação no mercado da moda, a marca Sillas Filgueira reúne grandes feitos. E ainda participações que demonstram a dedicação e o protagonismo que a estilista desenvolveu em sua própria história.
Entre as atuações com maior visibilidade, estão a participação no Afro Fashion Day em 2021. Considerado o maior evento de moda negra da Bahia. Como também, no projeto Nordestesse, uma plataforma digital que reúne criativos de todas as regiões do Nordeste. Assim, colocando-a como capa na revista Vogue Brasil. Além disso, ganhou notoriedade no concurso Novos Talentos Barra, com as coleções ‘Perfidia’ e ‘Entre Rosas e Espinhos’ – criação que rendeu o título da disputa à época.
O início
Certamente, nascida em Alagoinhas, localizada no Agreste da Bahia. A relação de Silla com a moda começou cedo, quando ainda brincava de bonequinhas de papel. Logo, percebeu a habilidade que possuía com desenhos. Afinal, a criatividade e inovação que a estilista apresentou com primor na infância, aparecem hoje nas peças exclusivas que produz para a sua marca, Sillas Filgueira.
“Tudo começou como um sonho da infância, quando utilizava materiais recicláveis para criar meus brinquedos. Eu usava palito de fósforo, canudos de refrigerantes… tudo se transformava em roupas para as minhas bonequinhas de papel. Neste período da minha infância, nunca tinha ouvido a palavra estilista, nem sabia o significado”, relembra Silla Filgueira.
Na adolescência
A saber, durante a adolescência, a estilista já acumulava diversas experiências de trabalho. Atuou em decoração de festas infantis, faxina, aulas de reforço escolar e auxiliar de estilista. Neste último emprego, Silla passou 16 anos inserida na rotina de produção em uma fábrica de jeans. Dessa forma, utilizava o conhecimento adquirido para produzir desenhos de peças exclusivas pensadas para esse tipo de material. Após esse período, Silla ainda trabalhou por mais alguns anos em outra fábrica de moda feminina. Além disso, aprendeu mais sobre acabamentos e tecidos finos e delicados.
“A fábrica de jeans foi uma grande escola onde passei 16 anos desenvolvendo croquis para peças em jeans. E prestando serviços para outras marcas de moda de Salvador. Entretanto, neste período, iniciei a transição na conquista da minha independência de mulher trans. E superação de depressões vividas ao longo da minha história”, conta Silla Filgueira sobre a época em que o aprendizado junto à liberdade de viver a sua identidade a impulsionaram para a conquista de um sonho.
Texto: Joacles Costa
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